"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz."
Antoine de Saint-Exupéry
"Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás."
Che Guevara

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Estamira


Essa semana tive o prazer de ver pela segunda vez o documentário Estamira, um filme duro, quase cruel, que retrata uma realidade que todos esquecem que existe: os lixões. Na minha faculdade boa parte falou que ela era uma mulher maluca, que precisa de tratamento e sinceramente, acho que isso vai dos valores de cada um, mas eu não vejo ela como uma mulher maluca, doida de pedra como dizem por ai. Acho que o seu erro, sua maluquice é ser sincera demais, e nem todos querem ouvir tanta sinceridade de uma mulher que vive no lixão e em condições tão precárias como a dela. Estamira só quer ser ouvida, estamira é um estado de espírito.

"Estamira é uma mulher que trabalha, e trata isso com orgulho, em um lixão. É antes de tudo alguém que já sofreu diversos abusos e possui um olhar peculiar sobre a vida. Suas teorias são excêntricas, até certo ponto verdadeiras , evidenciando que uma vida sofrida e deplorável transforma uma pessoa psicologicamente e a faz criar subterfúgios para tentar esquecer seus aflitos. Por mais que os filhos tentam puxá-la para a "realidade" (o filho acha que ela deve tomar remédios e ser amarrada), o lado inconsciente prevalece criando discursos embolados que fazem todo o sentido."

Estamira é o resultado da maldade dos homens e da sociedade, que tentaram prostituir, drogar e trai-la. Uma mulher que apesar de tudo conseguiu criar seus filhos com amor e ser contra a imoralidade, descaso, maltrato e na opnião de alguns até de Deus. Estamira nao é contra Deus, ela é contra os homens que o usam para justificar a maldade.

Estamira mostra que apesar do "desequilíbrio", ela tem uma visão muito realista do nosso cotidiano. É um filme que choca e ao mesmo tempo nos mostra o quanto somos frágeis e suscetíveis à um desequilibrio em qualquer momento de nossas vidas.

É utópico e real, Estamira e sua loucura profética, apocalítica...Estamira é para maiores.


"A minha missão, além d’eu ser Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem, os inocentes… Não tem mais inocente, não tem. Tem esperto ao contrário, esperto ao contrário tem, mas inocente não tem não."

"Eu Estamira sou a visão de cada um.
Ninguém pode viver sem mim. Ninguém pode viver sem Estamira. E eu me sinto orgulho e tristeza por isso. Porque eles, os astros Negativos ofensivos, sujam os espaço e quer-me. Quer-me, e suja tudo.
A criação toda é abstrata. Os espaço inteiro é abstrato. A água é abstrato. O fogo é abstrato. Tudo é abstrato. Estamira também é abstrato."

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Medo.



A violência já não é mais nenhuma novidade para qualquer brasileiro, está nos jornais, nas revistas, na novelas, nos livros. Está na porta da sua casa.
Esse feriado tive a experiência desagradável de ser assaltada e não preciso dizer que foi um horror. Não estou a fim de escrever sobre a violência no Brasil, que todos aqui já estão cansados de presenciar, ouvir e ler, mas andei pensando muito em um sentimento: a intimidação.

"Intimidação é o ato de fazer com que outros façam o que alguém quer, através do medo. A intimidação é a resultante do desajuste da compulsão competitiva normal de dominância inter-relacional, geralmente vista em animais, mas que é mais completamente modulada por forças sociais em seres humanos."

Não consigo tirar da cabeça o momento que aquele filho da puta pediu para eu sair do meu carro, a única coisa que pensei na hora foi: Como assim você vai levar meu carro? A minha mãe deu um duro danado para comprar ele, para um bandido pedir p sair do carro e nos obedecermos sem pensar duas vezes?
Sim, sim, eu sei que não devemos reagir ao assalto, ele podia meter a bala na gente e pronto, acabou tudo por conta de um carro, mas eu estou impressionada como um ser com um sotaque ridículo carioca conseguiu nos intimidar tão facilmente e sem se quer mostrar a arma. Quem está numa situação dessas, fica desencorajado, coagido, porque a intimidação cria medo, impede e limita as ações da vida; cria um sentimento de inferioridade. É assim que todo mundo aqui em casa anda se sentindo. Sinceramente ainda nem consigo escrever sobre isso, vamos deixar para outro momento.

"Porque há o direito ao grito. Então eu grito."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Brilho eterno de uma mente sem lembranças


"Cientistas americanos vem trabalhando no desenvolvimento de um medicamento que teria a capacidade de apagar informações do cérebro, segundo publicou nesta segunda-feira o The New York Times. Batizado de Zip, o remédio bloqueia a atividade de uma molécula que, aparentemente, o cérebro precisa para armazenar grande parte das informações.

Especialista em neurociência, Todd Sacktor lidera o grupo de pesquisadores baseado em Nova York e disse ao jornal que, caso esta molécula seja tão importante como parece, poderia promover melhorias em tratamentos de lembranças traumáticas e ajudaria o processo de aprendizado."

E se você pudesse apagar de sua memória toda uma recordação, seja aquele animal de estimação falecido recentemente ou, ainda pior, esquecer aquela pessoa que você mais amou na vida e recentemente lhe causou uma mágoa? Se isso fosse possível, imagine quantas pessoas iriam apagar outras simplesmente por impulso, raiva passageira? Imaginem quantos filhos não iriam apagar seus pais das cabeças, quantas namoradas iriam apagar namorados por besteiras (e vice-versa) ou quanta história de diversas pessoas iriam sumir por ser muito mais fácil esquecer do que tentar vencer obstáculos?

Seria bastante simples esquecer tudo, mas o ser humano tem como característica vital o impulso. Na hora da raiva boa parte de nós, só queremos esquecer aquilo, passar a régua, tirar a limpo... Imagine se isso fosse possível? Meu namorado certamente já não existiria na minha vida e eu não teria vivido com ele a bonita história de amor que vem se construindo. Alguns amigos também ficariam para atrás, pessoas que jamais imaginei que pudesse perdoar e foram perdoados. Olha, acho que até o meu pai não existiria mais.

Com certeza um remédio desse farias milagres para casos realmente traumáticos, mas não seria a frustração o grande brilho da vida? Como aprender com os erros se eles são esquecidos? Qual a graça de viver, se formos felizes para sempre?

Sinceramente, rezo para esse remédio não sair da pesquisa nunca...


"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."



segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quanto vale sua beleza?

Alguém discorda que dinheiro compra boa parte das coisas nesse mundo? Eu digo e repito: Não existe mulher feia, existe mulher pobre!
Alimentando meu vicio de olhar a pagina inicial do site Terra, achei uma participante de um dos Big Brother Brasil que supostamente fez um filme pornô. Vai ai a foto:


Você se lembra desse corpão ai? Seria uma das miss Brasil que participaram?
É, eu também achei isso e fui procurar a tal Léa Ferreira.


Pois é minha amiga, era aquela motoqueirazinha sem graça... E quem não assiste o programa, as imagens já dizem tudo!
Por essas e outras, que eu não me abalo mais com o meu bucho e minha bordinha de catupiry. Se nós mulheres brasileiras formos nos preocupar com todo corpão que aparece na capa da Boa Forma, não vamos estudar e nem trabalhar. Matricule-se na academia, faça um perfil na 8P e entre no primeiro reality show que te aceitarem. E vamos combinar , é uma vidinha bem mais fácil.
Mas... como nem tudo é flores, eu e grande parte das mulheres de verdade nesse mundo resolvemos ser um pouco mais "úteis" e irmos a luta por algo que realmente valha a pena. Então se você está ai se lamentando pelo pecado da gula cometido hoje, relaxa! Se não se lamenta, parábens! Quando todas nós pararmos de olhar para esses corpos imaginando que sua barriguinha podia estar melhor, vai ser a verdadeira revolução feminina do séc. 21!
Eu ainda chego lá...



"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

domingo, 5 de abril de 2009

Clarice Lispector

"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja."