"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz."
Antoine de Saint-Exupéry
"Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás."
Che Guevara

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Brilho eterno de uma mente sem lembranças


"Cientistas americanos vem trabalhando no desenvolvimento de um medicamento que teria a capacidade de apagar informações do cérebro, segundo publicou nesta segunda-feira o The New York Times. Batizado de Zip, o remédio bloqueia a atividade de uma molécula que, aparentemente, o cérebro precisa para armazenar grande parte das informações.

Especialista em neurociência, Todd Sacktor lidera o grupo de pesquisadores baseado em Nova York e disse ao jornal que, caso esta molécula seja tão importante como parece, poderia promover melhorias em tratamentos de lembranças traumáticas e ajudaria o processo de aprendizado."

E se você pudesse apagar de sua memória toda uma recordação, seja aquele animal de estimação falecido recentemente ou, ainda pior, esquecer aquela pessoa que você mais amou na vida e recentemente lhe causou uma mágoa? Se isso fosse possível, imagine quantas pessoas iriam apagar outras simplesmente por impulso, raiva passageira? Imaginem quantos filhos não iriam apagar seus pais das cabeças, quantas namoradas iriam apagar namorados por besteiras (e vice-versa) ou quanta história de diversas pessoas iriam sumir por ser muito mais fácil esquecer do que tentar vencer obstáculos?

Seria bastante simples esquecer tudo, mas o ser humano tem como característica vital o impulso. Na hora da raiva boa parte de nós, só queremos esquecer aquilo, passar a régua, tirar a limpo... Imagine se isso fosse possível? Meu namorado certamente já não existiria na minha vida e eu não teria vivido com ele a bonita história de amor que vem se construindo. Alguns amigos também ficariam para atrás, pessoas que jamais imaginei que pudesse perdoar e foram perdoados. Olha, acho que até o meu pai não existiria mais.

Com certeza um remédio desse farias milagres para casos realmente traumáticos, mas não seria a frustração o grande brilho da vida? Como aprender com os erros se eles são esquecidos? Qual a graça de viver, se formos felizes para sempre?

Sinceramente, rezo para esse remédio não sair da pesquisa nunca...


"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."



Um comentário:

  1. Oi Tata.. sei que não verá tão breve esse comentário, mas de qualquer forma gostaria de dar minha opinião. Na atual situação em que nos encontramos, ao iniciar o texto achei que esse "Zip" seria a solução de todos os nossos problemas, que poderíamos sempre apagar nossos erros e voltar ao que éramos, tentar novamente. Mas você disse algo crucial: como aprender com os erros se eles são esquecidos pra sempre? Cada obstáculo que ultrapassamos é uma nova experiência para sabermos como devemos proceder ou não na vida. Sem a memória dos erros, talvez cometeríamos eles duas, três, dez vezes.. repetindo sempre por não nos lembrarmos que aquilo não é o melhor caminho a ser seguido. Os erros são a forma mais fácil de encontrarmos o caminho mais difícil. Cet's la vie..
    Parabéns, você escreve muito bem. :)
    Grande beijo.

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